Hoje faz 2 meses que estou em casa de repouso. Sem trabalhar, sem poder fazer praticamente nada.
Me bateu uma depre...
Sinto falta da correria, das cirurgias de urgência, das colegas de trabalho, das reclamações, complicações cirúrgicas, do olhar de reprovação do chefe, ...
Sinto falta do calor intenso por conta do ar condicionado da sala cirúrgica estar quebrado, dos "pits" das pacientes antes, durante e depois, do choro agudo dos bebês recem nato, da preocupação com a vida que está ali em suas mãos...
Sinto falta do cheiro de tinta fresca das reformas do Centro cirúrgico, dos pastéis que o anestesista pagava para todos nas quintas, da minha bota plástica Grenda, que todos achavam horrorosa mas que sempre me protegeu (ela ainda está no armário do Hospital)...
Sinto falta das máscaras, das toucas, aventais, luvas (6.5), das dores nas costas por ficar horas em pé curvada sobre a paciente, sinto falta das discussões e indiretas, das agulhas, bisturis e do cheiro de sangue.
Ficar em casa só me mostra o quanto me faz falta o meu trabalho e o quanto amo o que eu faço. Não saberia ser outra coisa na vida, não saberia trabalhar atrás de uma mesa ou em um escritório, num balcão de loja, nem em outro lugar... Ficar em casa só reforça a idéia de que eu estou fazendo o que realmente eu nasci para fazer.
CUIDAR.
Essa é uma profissão muito bonita, mas que faz com que eu acabe me tornando sim, desprovida de sentimento. Se envolver com o problema do paciente é algo que destrói seu lado profissional.
Já fui chamada de muitas coisas como de mosntra, ruindade, maluca, doida, vampira...
sem contar a fama que as enfermeiras tem de serem mulheres não muito "honrosas",,,,aff. entre outras coisas mais cabeludas.
O que dizer.... Bom alguém tem que fazer o trabalho sujo.
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