Essa pose de menina-meiga-santinha é só disfarce.
No fundo eu escondo o veneno alecrim-doce de uma mulher.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A nova geração de crianças e adolescentes


Se buscarmos registros históricos ou até antigas fotografias de família, iremos perceber que o hábito de vestir as crianças como adultos não vem de hoje. Na verdade, não estamos mais vivendo em um mundo em que nossos pais e avôs viviam. A figura do pai está mais ligada aos filhos e a figura da mãe está mais independente. A estrutura familiar em seu todo sofreu mudanças. O que não é diferente com as crianças e adolescentes que a cada dia estão mais precoces, pulando muitas das principais etapas da vida.
Essa mudança vem se tornando mais acelerada conforme a passagem dos anos, em que cada geração esta diferente da outra. Hoje as crianças participam fluentemente do “universo dos adultos”, o que as faz entender que devem agir e se comportar igual, sem se preocupar com as experiências e bagagem cultural, já vivida por um adulto.
Devido a isso, essa juventude prematura mudou seus interesses diante da infinidade de coisas, que esta nova realidade que o “universo dos adultos” pode proporcionar. E ao se deparar com isso, se vêem a frente de novas formas de se relacionar com o mundo.

A culpa é de quem?Não é possível apresentar um culpado, mas, o principal influenciador disso tudo é a velocidade e quantidade de informação. É o que conta a psicóloga Patricia Gebrim, autora de alguns livros como, Palavra de Criança e Enquanto Escorre o Tempo, “Em nosso mundo, reforçado pela mídia, tudo precisa acontecer de maneira muito rápida. Sem ainda ter desenvolvido plenamente sua capacidade crítica, o jovem acaba acreditando que é assim que deve ser.”
Assim como comenta a psicóloga, Yvanna Aires Gadelha Sarmet, “A velocidade e a quantidade de informação que as pessoas têm acesso hoje em dia pode estar associada a uma aceleração também no seu desenvolvimento.” Isso acaba gerando nas crianças um comportamento com mais atitude e segurança, por saberem que têm mais informações que um adulto. “Por ter mais informação, naturalmente têm mais capacidade para argumentar e discutir com os adultos.” conclui Yvanna.
Um principal influenciador no comportamento das crianças é as mudanças na estrutura da familiar. “A família é onde a criança aprende a conviver socialmente, é a matriz de nossa identidade. Sendo assim, as drásticas mudanças que ocorreram na estrutura familiar interferem profundamente na formação de nossos filhos.” assegura Patrícia.
Uma grande quantidade de pais passam muito tempo trabalhando, e isso faz com o que a educação dos filhos fique na mão de babás, empregadas, professores e familiares. Dentre tantas pessoas, não existe uma voz de liderança ou alguém em que a criança possa se espelhar. Os pais por culpa da ausência acabam agindo permissivamente. “Isso faz com que as crianças tenham que  crescer mais rapidamente. Todo o ambiente que as cercam as empurra em direção ao mundo. As crianças vão crescendo sem limites, sem parâmetros. Tornam-se pequenos ditadores e, posteriormente, adolescentes que acreditam poder fazer o que bem entendem. Sem conhecer limites, o adolescente acaba criando seu mundinho particular onde se sente poderoso, onde dita suas leis. Acabam transferindo isso para a relação com os pais, professores, e por aí vai.” explica Patricia.
Na hora de se vestir
Uma cena muito comum em uma família é os pais e familiares desde cedo incentivarem a criança e se vestir e portar como mini adultos. Não podemos negar que uma criança vestida assim é bonitinho, mas o que não sabemos é que por trás disto mora um perigo muito grande, como explica Yvanna, psicóloga especializada em crianças, “Quando incentivamos as crianças a se vestirem e se comportarem como adultos, estamos retirando delas a chance de se comportarem como crianças e de aproveitarem todos os benefícios da liberdade, da menor censura sobre seus atos, da aprendizagem, da fantasia.”
Uma das brincadeiras preferidas de uma criança é se vestir, imitar e brincar de ser um adulto. Nada disso é prejudicial, pelo contrário, desenvolvendo estas brincadeiras a criança vai aprendendo sobre os vínculos sociais e a convivência na sociedade. “O que é nocivo é privar a criança de seu mundo natural, que é constituído principalmente pela brincadeira e pela fantasia”, conclui Yvanna.

Perda da inocência
O que podemos ver hoje é que as crianças estão brincando menos, quando deveriam ser mais livres e ter tempo para brincar. Elas estão se tornando cada vez mais rápido um adulto, o que exige responsabilidades e deveres, coisas que geralmente as crianças não estão prontas para assumir.
Elas dão a impressão de que por fora não precisam dos adultos, mas por dentro não tem a bagagem – e responsabilidade – necessária para enfrentar determinadas situações. Estes “mini adultos” não têm maturidade para entender e assumir as conseqüências de seus atos, o que às vezes também é difícil para um adulto, e acabam se perdendo.
A inocência desta geração vem sumindo cada vez mais cedo. “A informática tem colaborado muito para a precocidade do apelo sexual em nossos jovens. A falta de controle do uso dos computadores expõe os jovens a um conteúdo com o qual eles muitas vezes ainda não estão maduros o suficiente para lidar,” assegura Patricia.
Dentre esses comportamentos como adulto essa criança se depara com gestos, danças e imagens que não estão prontos para ver, e consequentemente acabam imitando.  É o que explica a psicóloga Yvanna “O apelo sexual existe há muito tempo em diversas formas de mídia (impressa, televisiva, no rádio, etc) e tudo indica que a exibição exagerada a imagens, músicas, vídeos ou leituras sobre sexo provoca uma sexualidade precoce. Além disso, é comum que os adultos incentivem crianças bem pequenas a comportarem-se de maneira provocativa e sexual, dançando ou fazendo gestos como os adultos. Isso acaba reforçando comportamentos inadequados para a faixa etária e despertando na criança um interesse precoce quanto a esse assunto”. A psicóloga ainda faz um importante alerta, “E o que é mais grave ainda, é que a criança pode acabar se envolvendo em relações sexuais “inocentemente”, quero dizer: sem estar pronta para aquilo e sem saber que aquilo não deveria estar acontecendo. As consequências psicológicas disso são irreversíveis.”

Fatores Psicológicos
É durante a infância e adolescência que formamos a base de nossa personalidade, e quaisquer distúrbios presenciados nesta fase, pode nos afetar enquanto adultos. Uma pessoa precoce muitas vezes não esta pronta emocionalmente para viver devidas situações. Este desenvolvimento prematuro desencadeia um descompasso com as demais fases, podendo haver um desequilíbrio psicológico em sua vida adulta entre demais problemas que podem acontecer.



Como evitar a precocidade?

Hoje com esta mudança nos parâmetros sociais, principalmente no âmbito familiar e com a forte influência da mídia, a distância do mundo e da criança se torna cada vez menor. Devido a todos os fatores citados anteriormente é quase impossível evitar que uma criança seja precoce.
Primeiramente os pais precisam compreender que seu papel para com a formação dos filhos é fundamental e insubstituível. Estar sempre presente na vida deles, saber o que eles gostam de ver na televisão, na internet e até que tipos de música estão ouvindo. Não como repressão, mas sim como um amigo, usando sempre o bom e velho dialogo para lidar com os problemas e impor os limites. Outro fator importante é dosar a permissividade com equilíbrio. Não podemos nos esquecer de sempre estar disponibilizando aos filhos a oportunidade de aproveitar atividades de acordo com sua idade como brincar, passear, ir ao cinema, praticar esportes, etc.
“Não podemos continuar tentando lidar com as crianças de hoje utilizando as ferramentas do passado. Precisamos olhar para esses novos indivíduos, para sua riqueza e complexidade, de uma maneira mais ampla, aberta. Nós adultos, precisamos de nosso bom senso e intuição. Devemos ser cuidadosos, tatear o caminho, reencontrar a nossa capacidade de lidar com o novo, nos baseando naquilo que permanece inalterado, o carinho, o amor, o desejo de ajudar nossos filhos a se tornarem o melhor de si mesmos. E principalmente se manter ao lado dos filhos com  afeto, bom senso, abertura para ouvir, presença e apoio. Precisamos ajudar os filhos a compreenderem que precisam respeitar a si mesmos, seu tempo, seu corpo,” aconselha a psicóloga Patrícia Gebrim.

Para a psicóloga Yvanna Gadelha a influência da família sobre a criança é a mais importante e com simples recomendações, é possível achar um equilíbrio para tudo. “O mais importante para equilibrar a influência familiar com a influência externa é haver consistência, segurança e harmonia em família. Assim, desenvolve-se a confiança da criança nos valores que são ensinados por seus pais e isso pode fazer com que ela seja menos influenciada por valores distintos.” E conclui “Nós adultos, se não buscarmos atualização, vamos ficar mesmo sem argumentos diante desses adolescentes perspicazes!”

Por Talita de Alencar


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