Essa pose de menina-meiga-santinha é só disfarce.
No fundo eu escondo o veneno alecrim-doce de uma mulher.

segunda-feira, 26 de março de 2012

O corpo reage ao coração ou reage à mente?

Estou tão cansada. 
Quase não tenho força. 
Hoje estou naqueles dias em que dá vontade de dormir e acordar dez anos depois. 
Você já ouviu falar em sono reparador? 
Queria dormir e acordar dez anos mais linda e dez anos mais burra.  
Interessa a você saber que estou apaixonada?
Impressionante como essa palavra acorda os outros. Eu estou apaixonada, mas não é por uma pessoa. Estou apaixonada pela lembrança de algo leve, solto e rápido, como uma bola de gás que escapa da nossa mão e passa a ficar cada vez menor e mais distante. 

Estou apaixonada pelo impacto da vida, por um tiro certeiro e bem mirado, pelo arrebatamento provocado pelo descuido das minhas defesas.  
Quem está no comando dentro de mim? 
Eu acreditava no amor. 
Toda mulher romântica é uma idosa. Não acredito que eu tenha caído nessa cilada, me apaixonar por uma situação. Por que não estou apaixonada por alguém, estou apaixonada por algo. 
Algo completamente inatingível. 
Totalmente utópico.
Estou apaixonada por marcar encontros, por receber mensagens safadas, emails, por estacionar olhando pros lados, temendo ser reconhecida.  Apaixonada por romances vendidos em banca. Apaixonada pelo xerife que dava liberdade condicional ao meu lado fora-da-lei. 
O xerife desistiu da brincadeira, e eu  precisei voltar pra minha prisão domiciliar. 

Sempre fui muito exigente. 
Quero o circo todo a que tenho direito: sedução, fantasia, tempo. 
Quero um romance longo, quero intimidade. 
Exijo fidelidade de mim, do xerife e dela. 
Algumas atitudes quebram acordos, trazem desconfianças e gera infidelidade. 
Eu sempre disse isso, desde quando me casei aos 20 anos de idade. Fidelidade é mais que sexo. Ser fiel diz mais ao modo de agir e pensar. Ser fiel é saber respeitar. E nisto eu sou exigente. E ela o que acha?


Quem está no comando?
Ela ou eu?
 Quando eu estou no comando, pinçaria do meu caderninho meia dúzia de frases que liquidariam a questão. "Foi bom enquanto durou". "O destino sabe o que faz". "Tudo tem seu preço". "O show deve continuar". Este tipo de clichê.
 Mas quando ela está no comando e como nunca quer voltar pra cela. Acaba sempre em Rebelião no presídio feminino: ela fugiu do meu controle. 
Ela é romântica como uma adolescente. 
Visceral. 
Caótica. 
Ela chora como uma menininha.
 Cria diálogos tão convincentes durante suas madrugadas insones que chega a acreditar que eles aconteceram. 
Viajandona. 
Doce. 
Áspera.
 Virginal. 
Ela me enlouquece. 
Ela determina a hora de voltar pra casa, e eu aguardo por ela com uma ansiedade quase sexual. 
Quem está apaixonada? Ela? Eu? Ou tudo não passa de um sentimento solto, sem dono, caçoando de todos nós?

texto original Martha Medeiros este foi readaptado para minha realidade.

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